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Em meio a shutdown, Governo Trump foi pressionado por executivos a explicar cortes de voos

Executivos cobraram dados de segurança após redução de 10% nas operações em 40 aeroportos dos EUA

O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com jornalistas a bordo do avião presidencial antes de sua chegada à Malásia - 25/10/2025 (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)

247 - Executivos de companhias aéreas norte-americanas questionaram o governo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a base técnica que justificou o corte de 10% nos voos domésticos em todo o país. A medida, anunciada antes de entrar em vigor na sexta-feira (8), foi discutida em uma reunião virtual realizada na terça-feira (5) entre dirigentes do setor e o administrador da Administração Federal de Aviação (FAA), Bryan Bedford.

De acordo com informações publicadas pela Bloomberg, alguns dos executivos pediram que a FAA apresentasse dados concretos de segurança que sustentassem a decisão. Segundo fontes com conhecimento da conversa, Bedford, ex-executivo da aviação, rejeitou qualquer contestação, afirmando que a determinação era da FAA e “não estava aberta a negociações”. O corte, explicou, visava reduzir a sobrecarga sobre os controladores de tráfego aéreo durante a paralisação parcial do governo federal.

A decisão acabou provocando um colapso no sistema aéreo já fragilizado. Milhares de voos foram cancelados em todo o país, agravando o impacto da paralisação do governo, que já dura 41 dias — a mais longa da história dos Estados Unidos. Segundo o secretário de Transportes, Sean Duffy, as restrições não serão revertidas até que os controladores de voo voltem integralmente ao trabalho.

Mais de 5 milhões de passageiros foram afetados desde o início da paralisação, de acordo com dados da Airlines for America, entidade que representa as principais companhias aéreas do país. Ben Minicucci, presidente da Alaska Air Group, foi um dos mais insistentes ao solicitar dados que comprovassem a necessidade dos cortes, conforme relataram fontes presentes na reunião.

As empresas menores têm enfrentado maiores dificuldades para absorver as reduções, enquanto as grandes companhias, como American Airlines, Delta e United, conseguiram reorganizar parte de suas rotas. Ainda assim, o caos se estendeu a aeroportos de grande porte, como os de Nova York, Washington, Dallas e Atlanta.

Apesar das críticas, algumas lideranças do setor reconheceram o problema crescente de escassez de controladores. Chris Sununu, diretor-executivo da Airlines for America e ex-governador republicano de New Hampshire, declarou que “a segurança é sempre a prioridade compartilhada, e os americanos devem ter ainda mais confiança em nosso espaço aéreo porque a FAA tomou essas medidas”. Ele acrescentou: “Quando a FAA diz que há preocupações em um período movimentado como o do feriado de Ação de Graças, as companhias aéreas farão o necessário para garantir a operação segura do sistema”.

Por outro lado, críticos questionam a transparência da decisão e o fato de o Departamento de Transportes não divulgar as avaliações de risco que embasaram a medida. Há suspeitas de que o endurecimento nas restrições tenha servido também para pressionar o Congresso a aprovar o pacote orçamentário que poderia pôr fim à paralisação.

A presidente do Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB), Jennifer Homendy, elogiou publicamente a decisão da FAA. “Isto é gestão de segurança — o alicerce do nosso sistema de aviação — e é a coisa certa a fazer”, afirmou em uma publicação na rede X, antiga Twitter.

Com o Congresso aprovando um financiamento temporário para reabrir parte das operações federais, o setor aéreo aguarda a normalização gradual das rotas. No entanto, especialistas avaliam que os efeitos da crise ainda devem se prolongar nas próximas semanas, com reflexos no tráfego aéreo e na confiança dos passageiros.

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