HOME > Empreender

Startup paraense lança perfumes funcionais com bioativos da Amazônia

Inspirada em saberes tradicionais, a Amazon Cure desenvolveu fragrâncias com efeitos adaptógenos e aposta em inclusão produtiva de comunidades locais

Startup paraense lança perfumes funcionais com bioativos da Amazônia (Foto: Reprodução/Sebrae)

247 - Inspirada na ancestralidade amazônica e nos saberes tradicionais dos povos da floresta, a startup Amazon Cure criou uma linha inédita de perfumes funcionais desenvolvidos com insumos nativos da Amazônia. A inovação nasceu dentro do laboratório da empresa instalado na Oka Hub, incubadora e aceleradora de negócios voltados à bioeconomia em Belterra (PA), na região de Santarém. As informações são do Sebrae Nacional.

O projeto é liderado pelo professor doutor em farmacologia botânica José Carlos Tavares, que também é CPO da Amazon Cure. Segundo ele, o perfume funcional da marca Terra Preta Biocosméticos propõe uma nova visão da perfumaria. “É algo totalmente inovador, uma nova visão da perfumaria porque além do aroma extremamente agradável, o perfume tem efeito adaptógeno que proporciona o bem-estar nas pessoas”, afirma Tavares.

O desenvolvimento do produto levou cerca de dois anos de pesquisa, apoiado por quase uma década de estudos sobre as propriedades de essências e óleos voláteis amazônicos. “Não estou falando de aromaterapia, mas sim dos efeitos benéficos que esses óleos voláteis de bioativos amazônicos causam em contato diretamente com a pele”, destaca o pesquisador.

Reconhecido entre os 2% dos cientistas mais influentes do mundo pela Top Researchers List 2025, da Universidade de Stanford (EUA), Tavares explica que o diferencial do perfume está na aplicação dos efeitos farmacológicos dos óleos naturais. “Não é apenas a mistura de essências com um cheiro muito gostoso – algo que os perfumistas das grandes indústrias fazem, se preocupando apenas com o cheiro e o aroma”, ressalta.

Fragrâncias que unem ciência e ancestralidade

A linha foi lançada em duas versões: a masculina, Karú, e a feminina, Iahara. Os nomes, de origem tupi-guarani, simbolizam estados de harmonia com a natureza. “São nomes que significam paz e tranquilidade. Quando você diz que um homem está Karú, ele está calmo, sereno”, explica Tavares.

Segundo o pesquisador, a fragrância Iahara pode ajudar a aliviar mal-estar menstrual e enxaquecas, enquanto Karú atua na redução do estresse e de comportamentos agressivos. A proposta, segundo a Amazon Cure, é promover o autoconhecimento e a reconexão com a natureza, combinando ciência e saberes ancestrais.

Laboratório amazônico de inovação

A criação dos perfumes é resultado da parceria entre a Amazon Cure e o projeto Bioma Amazônico do Sebrae, que conectou a empresa ao Museu de Ciência da Amazônia, onde funciona a Oka Hub. O espaço abriga um laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) dedicado à criação de produtos de alta tecnologia com insumos naturais da floresta.

De acordo com Thyago Gatto, analista de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, o laboratório oferece infraestrutura para dez startups incubadas, que atuam em áreas como fármacos, cosméticos, superalimentos e nutracêuticos. “Se a empresa precisar de alguma análise químico-física, esse laboratório vai prestar esse serviço e auxiliar na realização de pesquisas e no desenvolvimento de produtos. Esses recursos também permitem que a empresa reduza custos e aumente sua eficiência”, afirma.

Inclusão social e valorização da floresta

Além da inovação tecnológica, o projeto busca gerar impacto social e econômico nas comunidades amazônicas. A Amazon Cure, em parceria com o Sebrae, realiza estudos sobre o impacto produtivo e social nas regiões de Belterra e Baixo Amazonas.

“Estamos com o Sebrae e também queremos fortalecer o ecossistema em relação à população tradicional. No Baixo Amazonas em Belterra, por exemplo, são os ribeirinhos que têm conhecimento do uso desses produtos naturais”, explica Tavares.

Para ele, o projeto tem caráter estruturante, e não apenas econômico. “É o grande debate que faço sobre isso. Não é um projeto imediatista, mas sim estruturante para o futuro. Se não for assim, estaríamos replicando o que as grandes empresas já fazem, explorando a Amazônia sem levar solução para os problemas dessa população local”, defende.

A startup também promove formação de jovens universitários para integrar o desenvolvimento de novos produtos com bioativos amazônicos, ampliando o alcance da Terra Preta Biocosméticos.